domingo, 25 de outubro de 2009

você
que a gente chama
quando gama
quando está com medo
e mágua
quando está com sede
e não tem água
você
só você
que a gente segue
até que acaba em cheque
ou em chamas
qualquer som
qualquer um
pode ser tua voz
teu zumzumzum
todo susto sob a forma 
de um sûbito arbusto
seixo solto
céu rovolto
pode ser teu vulto
ou tua volta

Paulo Leminski

terça-feira, 13 de outubro de 2009

12 de outubro





Hoje é dia de
Nossa Senhora da Aparecida.
Ela é Oxum.
Oxum é Rio.
Rio é Água.
Água também é Iansã.
Iansã sou eu.



Fragmento de uma prosa com Marcelo Dev, filho de Ogum e mestre dos magos de outra Santa, mas a Teresa, de um Rio. Venta Iansã que sua filha precisa voar.


Imagem: Acrílica sobre tela, 122x122cm de Marcio Melo www.marciomelo.com .

sábado, 3 de outubro de 2009

A resposta da estante


Como se procurasse um oráculo,
passei o olho na fileira de livros.
Uns meio acabados,
outros cheirando a livraria.
Parei no Leminski
para nao complicar,
para ser curta e grossa,
mas acabei dividida em

"Tres Metades"

Meio dia
um dia e meio
meio dia, meia noite
Metade desse poema
sai na fotografia,
metade, metade foi-se.

Mas eis que a terça metade
aquela que é menos dose
de matemática verdade
do que soco, tiro, ou coice,
vai e vem como coisa
de ou, de nem, ou de quase.

Como se a gente tivesse
metades que não combinam,
três partes, destempestades,
três vezes ou vezes três,
como se quase, existindo,
só nos faltasse o talvez.

Paulo Leminski