quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Todos os amanhãs possíveis

Você é tão pequena, mas já é uma pessoinha. É incrível. Tem trejeitos, espreguiça no berço resmungando de sono. Fica feliz quando faço o que você quer, reclama se não. Até força o choro para fazer um drama. Deu para ficar de pé, tentando se segurar a tudo, ainda que meio rebolando para se equilibrar naquelas pernas coxudinhas, que eu quero morder e mordo todos os dias, sempre que posso. Você tem uma mania de dar um tapinha nas minhas costas quando te pego no colo que é muito bonito, porque eu tenho certeza que você está fazendo carinho. Como quando você arranca meus cabelos ou quase leva um pedaço da minha boca quando sou agarrada pelas suas mãozinhas, pequenas e pesadas para um ser de apenas um punhado de meses de vida. Depois de descobrir as mãos, descobriu o dedo indicador e adora levá-lo às pequenas coisas, bem miúdas mesmo, dignas de ser apontadas por você. A primeira vez que vi, você estava sentindo a textura de uma formiga morta. Vi antes de você comê-la. Sei que não terei essa sorte todas as vezes que essa curiosidade que pulsa, dentro do seu corpinho de coração rápido feito beija-flor, sair pelos seus olhos de jabuticabas. Até os cílios compridos parecem ter sido feitos para você enxergar muito mais as coisas que fazem você comemorar com as pernas. Cheias de dobrinhas. Nem tem dentes mas já mastiga pão, biscoito, pedaços no meio da papinha e faz cara de orgulhosa por tamanha independência. Morde meu queixo com sua banguela e manda beijos, estalos, soprinhos, cuspidas, larilarilari, nenenenen, mamamã. Posso te levar em qualquer lugar que ficamos bem, eu e você, companheiras que já somos. Sua simpatia conquista todo mundo que chega e que passa e aí eu que fico orgulhosa. Não existe tempo ruim com você. Acordar e ver sua carinha é a dose de leveza diária na minha vida, que chega a ser terapêutica. Adora quando eu mexo na sua orelha, chega a virar olho e recentemente descobri que derrete quando passo os dedos em você bem de levinho, o que eu também adoro! Você não gosta de ficar no colo porque gosta de explorar as coisas e ter os braços livres para bater palminhas, sacudir-se, tentar pegar o que não pode e colocar na boca. Exceto quando está fazendo charme, ou querendo um chamego - e lá vem os tapinhas. Mas de tão bom que é ser sua mãe, hoje quebrei a rotina e te ninei até você adormecer profundamente no meu colo. Dei beijinhos, fiz carinhos, senti o seu cheiro de filhotinho de beija-flor com jabuticaba com porquinho com pacotinha. E depois de te abraçar com todo o amor que em mim transborda e colocá-la no berço, estou aqui escrevendo feito uma mãe coruja, saboreando essas pequenas e doces lembranças para o meu sono também chegar. Que venham muitos amanhãs, pessoinha linda.

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